'Uma dipirona': como é o treinamento da PM para reconhecer sinais de violência em ligações no 190
07/08/2025
(Foto: Reprodução) Policiais recebem treinamento para reconhecer sinais de violência em ligações ao 190
A Polícia Militar de Mato Grosso do Sul explicou como funciona o Centro de Operações da PM (Copom), que atende ligações de emergência feitas ao número 190. Em um caso recente, uma mulher fingiu ligar para uma farmácia pedindo dipirona como socorro para enunciar uma agressão. Veja o vídeo acima.
A vítima foi resgatada sem ferimentos e o agressor, preso. O caso aconteceu em Campo Grande e repercutiu nesta semana. Só nos primeiros dias de agosto, o Copom recebeu mais de 200 chamadas relacionadas à violência doméstica em Mato Grosso do Sul.
✅ Clique aqui para seguir o canal do g1 MS no WhatsApp
De acordo com a Polícia Militar e especialistas da segurança pública do governo estadual, os treinamentos do Copom focam em três pilares no atendimento a vítimas de violência doméstica:
Reconhecer sinais e códigos discretos de socorro
Atender com escuta ativa e abordagem humanizada
Agir com agilidade no envio de viaturas e comunicação estratégica
Treinamento humanizado
O tenente-coronel Andrew Xavier explica que os policiais do Copom têm experiência prévia em rádio-patrulha, o que ajuda no preparo para lidar com vítimas de forma mais sensível. "Eles têm essa percepção e esse senso de responsabilidade de como atender essas ocorrências", afirma.
Durante o treinamento, os atendentes aprendem a identificar sinais de perigo nas falas das vítimas e a agir com rapidez. O objetivo é reconhecer mensagens indiretas, como no caso da mulher que usou a palavra “dipirona” para pedir socorro.
Xavier reforça que, além de seguir protocolos para evitar trotes e agilizar o atendimento, a experiência dos policiais faz diferença no acolhimento às vítimas.
"O policial fala de forma que ela consiga responder, sem se sentir ameaçada, e age rapidamente com a equipe para enviar a viatura ao local", destaca.
LEIA TAMBÉM:
Mulher pede dipirona para denunciar violência doméstica em MS; ouça áudio
Pobre Loco: quem é o influencer com 2,5 milhões de seguidores alvo da polícia por venda ilegal de anabolizantes
Polícia explica como jovem morreu preso entre porta e batente em Campo Grande
A maioria das ligações recebidas pelo Copom envolve casos de violência doméstica. Segundo Xavier, é comum que mulheres usem códigos ou palavras indiretas para pedir ajuda sem chamar a atenção do agressor. "Muitas mulheres já se utilizam de alguns subterfúgios para conseguir conversar com a polícia, pedir socorro sem que ela se exponha e sofra mais agressões".
A subsecretária de Políticas Públicas para Mulheres, Manuela Nicodemos, destaca que a maioria das vítimas de violência doméstica não denuncia os agressores. Por isso, ela reforça a importância de preparar bem os profissionais que fazem o primeiro atendimento.
"Os profissionais precisam ouvir, trabalhar escuta humanizada, o atendimento humanizado, de forma integrada. A gente precisa estar preparado, por isso trabalhamos na formação e ampliação", detalha.
O treinamento da PM também inclui profissionais que atuam em regiões rurais, indígenas e ribeirinhas. A maioria das agressões ocorre dentro da casa da vítima, de acordo com a representante do governo. "É preciso que o estado prepare esse profissional para que tenha um perfil aguçado, humanizado e sem julgamento", conclui Manuela.
Pedido de socorro
Durante a ligação para denunciar a violência, o policial identificou que a solicitação do remédio era, na verdade, um pedido de socorro. O agente passou a fazer perguntas codificadas para saber quem era o agressor e o nível da violência.
“A senhora confirma aí, se for positivo a informação, a senhora fala dipirona novamente. É seu marido?”, questiona o policial.
“Sim, é a dipirona, sim”, respondeu a vítima.
“Agora fala a intensidade da agressividade aí, a senhora miligramas, 10 miligramas, 20 miligramas ou 30 miligramas. Qual é a intensidade da agressividade dele?”, perguntou o PM.
"30", finalizou a vítima
A mulher foi encontrada sem ferimentos graves e o agressor acabou preso.
Mulher pede dipirona para denunciar violência doméstica em MS
Polícia Militar de Mato Grosso do Sul recebe treinamento para identificar pedido de socorro em ligações ao 190
Reprodução TV Morena
Mulher que fingiu pedir dipirona para denunciar agressões ligou dias depois para agradecer policiais em MS.
Reprodução
Veja vídeos de Mato Grosso do Sul: